sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Uma história cultural do furto



Em Junho do corrente ano de 2011 a editora Penguin, publicou um livro intitulado The Steal: A Cultural History of Shoplifting.

A autora desta obra de 272 páginas,
Rachel Shteir é uma professora universitária de arte dramática, alvo de amores e ódios expressos numa viva contestação dos seus alunos da DePaul University de Chicago. Paralelamente, é autora de outras obras e assina várias rúbricas em diversos jornais e revistas norte-americanas de relevo.

O livro The Steal foi considerado pela crítica como a primeira obra verdadeiramente séria que aborda a história dos furtos em estabelecimentos comerciais, no inglês simplesmente: shoplifting.

Não sei se se poderá ir tão longe.

O tema do shoplifting tem sido amplamente estudado por polícias, juristas, antropólogos, sociólogos, psicólogos e criminologistas, todavia, a maioria desses estudos contêm abordagens científicas e técnicas pouco vocacionadas a garantir sucessos comerciais nas bancas e livrarias, apesar da sua leitura ser perfeitamente acessível ao comum dos mortais.

The Steal não se trata propriamente de uma obra que nos permita encarar, analisar racional ou cientificamente o fenómeno do shoplifting, encontrando uma receita para a sua resolução, mas, pelos vistos, também não tem essa pretensão.

Escrito num estilo que se situa entre o jornalismo e a escrita ficcional detectivesca, a autora procede ao relato salpicado de cenários exemplificativos que nos leva à explosão urbanística e demográfica da cidade de Londres no período anterior ao século XIX e procede daí para a Europa continental, onde foram criadas as primeiras galerias comerciais.

Entretanto, vão surgindo algumas confusões entre o fenómeno do simples shoplifting com a sua forma mórbida, a
cleptomania.

Nos anos 60 do século passado, este tipo de furtos é, de acordo com a autora, carregado com um simbolismo político muito próprio dos movimentos alternativos e de contestação surgidos naquela década nos Estados Unidos e na Europa com especial destaque para a França.

Terá o shoplifting passado a ser considerado, neste contexto, como um acto de rebeldia juvenil ou geracional contra um sistema?

É no culminar dessa década que
Abbie Hoffman publica um livro intitulado Steal This Book (1971), invocando no título aquele acto, não como um simples desvio à ordem social, mas como um manifesto contra essa ordem social.


Todo esse livro (que já não precisa de subtrair da loja, podendo fazer o seu download carregando aqui), é um manual prático, não sobre shoplifting, mas sobre irreverência, rebeldia e luta anti-sistema.

Hoje, muitos estudiosos e analistas olham para este tipo de furtos como uma resposta epidémica a uma cultura de consumo que ultrapassou todos os limites e que se entranhou em todos, mesmo aqueles que não têm recursos para a aquisição legítima.

A questão já não está no "poder ter". Trata-se mais do "ter de ter", independentemente de poder ter legitimamente.


Sem ser uma obra-prima, The Steal é um livro interessante do prisma ilustrativo que pode merecer uma leitura, especialmente daqueles que trabalham no ramo do comércio e querem ampliar os seus horizontes.

Deixo-vos com os detalhes da obra, para que a possam encontrar ou encomendar:

Título: The Steal: A Cultural History of Shoplifting Autor: Rachel Shteir
Editora: The Penguin Press HC
Qualificação: Não ficção / Documentário
Data: 30 Junho de 2011
Extensão: 272 páginas
Língua: Inglês

ISBN-10: 1594202974
ISBN-13: 978-1594202971

Desde a sua publicação até ao presente momento (cerca de 4 meses) o seu preço de capa variou entre quase $ 30 US (dólares americanos) e cerca de $ 10 US (fonte: Amazon e Ebay).

Saiba mais sobre esta obra e a sua autora, consultando as seguintes ligações:
Daily Finance

Aguardo os seus comentários.

Até breve!

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